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Economia na era do capitalismo

Yandry Pereira

Onde os capitais se dissipam no mundo contemporâneo

 O Lobo de Wall Street 

 

             O Lobo de Wall Street (2013) tem seu roteiro baseado em uma história real e conta a história de Jordan Belfort, um ex-corretor do mercado financeiro que abriu sua própria empresa de corretagem. A empresa chamava-se InvestCentro e ofertava ações baratas de microempresas, ainda em formação, muitas vezes com negócios nada promissores. Nesse novo emprego, o corretor negociava as penny stocks (ações de empresas que não são cotadas na bolsa), ganhando uma comissão de 50% sobre as vendas ou compras de ações. Essa era uma empresa pequena com funcionários pouco treinados e instruídos sobre seu próprio serviço. 

             A  análise  do  filme  considera  a  controvérsia  do  sistema  financeiro  mundial:  de  um lado,  extremamente  regulado  e  regulador,  exigente  quanto  aos  documentos  e  à legitimidade  do lastro  do  dinheiro;  por  outro  lado,  apresenta-se  a  contradição  do  sistema de que toda normalização e rigidez  podem  acabar  por  legalizar  o ilegal. Com isso, é possível articular que o mercado financeiro e suas regras são desenhadas em função de uma única ênfase: o lucro pessoal fácil e rápido, ainda que os propósitos e meios utilizados possam não representar seus pares ou o próprio mercado. 

Mercados de capitais

              A desconfiança das informações afeta o mercado de capitais, que é sensível a distorções. A base do mercado financeiro é a confiança. A camuflagem, a omissão ou as alterações das operações e resultados afetam diretamente a base do mercado financeiro bem como o sistema produtivo. Os movimentos do mercado de capitais repercutem sobre o custo do dinheiro. Esta repercussão pode ter dimensão internacional e global. Dinheiro entendido como um bem, um produto que pode e é sempre negociado. O custo desse dinheiro está embutido no retorno exigido do capital e, assim, nas margens dos preços de venda da indústria e do comércio. "O mercado de capitais é uma coisa antiga, dá para traçar suas origens desde o tempo da usura, que era como chamavam o ato de cobrar dinheiro sobre o uso do dinheiro. Na Idade Média, a Igreja Católica proibia isso e, os judeus, que não tinham essa restrição religiosa, eram quem emprestavam dinheiro à juros", explica o economista Matheus José da Silva.

               Segundo o economista, na era do capitalismo, o consenso em torno da eficácia da doutrina liberal como organizadora das sociedades, em nível nacional e internacional, foi destruído pela crise financeira de 1929, pela emergência de regimes totalitários no berço europeu do liberalismo, seguido pela Segunda Guerra Mundial que, mesmo tendo se consagrado a supremacia das democracias liberais, vitoriosas contra as forças do Eixo, mostrou-se também o poder do urso soviético, longe de ser liberal e perto de tornar-se um modelo de desenvolvimento econômico e institucional para o resto do mundo. "A crítica à doutrina liberal cita a crise de 1929 como exemplo de ponto-chave da queda do capitalismo e a visão de que o sistema soviético era uma saída para a crise, só que em economia a gente diz que o capitalismo é cíclico, é feito de momentos de crise e de fartura, ele se reinventa sempre e, quando você menos espera, estamos de novo inseridos nesse sistema", explica o economista.

              Portanto, nas palavras do economista Matheus, as perspectivas do capitalismo como padrão de organização social e econômica pareciam as menos promissoras, perseguidas pela falência do dogma liberal, pela destruição material causada pela guerra, pela desagregação social causada pela Crise Econômica de 1929 e pela concorrência da União Soviética, cujos agentes pareciam espreitar em cada esquina, habituados a subverter a ordem e transformar nações devastadas pela crise em satélites socialistas.                Conforme o economista financeiro Clayton Santos, contrariando as expectativas mais pessimistas, as décadas de 1950 e 1960 foram marcadas pela retomada do crescimento econômico em níveis não antes verificados, pela difusão do consumo de massa de bens duráveis e pela expansão do comércio internacional. Foram tempos de mudanças culturais, de transformação nos hábitos cotidianos, nos padrões educacionais, nas relações entre as classes sociais e na emergência das classes médias. Um sem-número de países ditos atrasados lançaram-se na busca de meios para superar suas limitações e alcançar os patamares atingidos pelas economias centrais. "Para analisar a retomada do crescimento econômico das décadas de 1950 e 1960 é importante ressaltar que o mundo se recuperava dos impactos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Com boa parte da Europa destruída pela guerra, surgiram duas superpotências mundiais: Estados Unidos e União Soviética. Os Estados Unidos, como principal potência mundial, lançaram o Plano Marshall, um programa de ajuda financeira e econômica para reconstruir a Europa devastada pela guerra. Essa injeção de capital revitalizou as economias europeias e estimulou o comércio internacional", fala o economista financeiro Clayton Santos.

              "Outro fator que contribuiu para o crescimento da economia mundial no pós-guerra, foi o acordo de Bretton Woods, que basicamente foi um acordo econômico realizado em 1994 e contou com a presença de representantes de 44 países. O encontro foi realizado na cidade Bretton Woods, em New Hampshire, nos Estados Unidos. A decisão mais importante que resultou deste encontro foi a definição do dólar americano como padrão da economia mundial, tal decisão ocorreu devido aos Estados Unidos possuírem na época ¾ das reservas mundiais de ouro, e o ouro era utilizado como lastro para emissão das moedas dos países, basicamente eles só podiam emitir moeda se houvesse reserva em ouro para dar lastro. A inclusão do dólar americano como principal moeda nas negociações internacionais, foi um dos fatores que contribuíram para o aumento das transações entre países do mundo inteiro, dando mais dinamismo à economia global", finaliza Clayton.

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